segunda-feira, dezembro 13, 2004

O STREET FIGHTER SONNY CHIBA

 

KILL BILL está rendendo. Por causa do filme de Quentin Tarantino, tenho ido atrás de muitas de suas homenagens e citações. Aqui no blogue já comentei sobre filmes de Bruce Lee, produções dos Shaw Brothers, animações do estúdio responsável pelo segmento animado de O-Ren Ishii e o filme sueco THRILLER - A CRUEL PICTURE. Agora é a vez dos filmes de karatê estrelados pelo maior astro de artes marciais do cinema japonês Sonny Chiba, a resposta do Japão ao sucesso de Bruce Lee. Chiba teve um papel pequeno mas importante em KILL BILL: o de Hattori Hanzo, o homem que confecciona a espada samurai para a Noiva. 

Não é apenas a presença de Sonny Chiba o ponto de interseção entre esses filmes e a obra-prima de Tarantino. A ultra-violência e o banho de sangue desses filmes também foram homenageados. E vale lembrar também que numa cena de AMOR À QUEIMA-ROUPA (1993), que tem roteiro do Tarantino, o filme que Christian Slater vai assistir no cinema com Patricia Arquette é justamente THE STREET FIGHTER (1974). 

Vi esses filmes em circunstâncias não muito boas. Primeiro porque a cópia que consegui com o Renato, gravada do dvd americano double feature, estava dublada em inglês e sem legendas. E a impressão que eu tinha era que os dubladores tentavam imitar o sotaque japonês, o que dificultava ainda mais pra mim, que já não tenho uma boa habilidade de listening. Resultado: às vezes tinha que repassar a cena três vezes pra conseguir entender o que eles falavam. Sempre que eu entendia da segunda vez ficava feliz. E no sábado ainda foi pior, já que fui interrompido por duas baratas voadoras que invadiram o meu quarto e eu acabei fazendo tanto barulho pra matar essas desgraçadas que eu acho que os vizinhos deviam estar imaginando que a casa estava sendo assaltada. Apesar dos percalços, consegui terminar de ver os dois filmes bravamente. 

THE STREET FIGHTER (Gekitotsu! Satsujin ken) 

O personagem de Terry Tsurugi (Sonny Chiba) é um cara bem malvado. Bem anti-herói mesmo. Nesse primeiro filme da série "Street Figher", ele faz coisas como: furar os olhos de um inimigo com os dedos e depois limpá-los na camisa do seu amigo; jogar um cara que não quer pagar por seus serviços na calçada, espalhando seus miolos no chão, e ainda por cima vender a irmã dele pra uma casa de prostituição; arrancar com as próprias mãos os testículos de um sujeito que estava prestes a praticar um estupro; arrancar as cordas vocais de um inimigo. Dito isso, dá pra ver que o filme não é nenhum pouco delicado. Chiba é um mercenário que trabalha para a máfia, mas tem uma ética bem peculiar. Nas cenas de ação, não gostei particularmente das cenas que mostram só o pé dele atingindo o adversário. Ficou claro que o diretor (Shigehiro Ozawa) não tinha habilidade para filmar cenas de ação de forma tão brilhante quanto os seus colegas de Hong Kong. (Não sei se é uma tradição japonesa, essa de não usar cabos nessas cenas mais aéreas.) As caretas de Sonny Chiba quando está sentindo dor são hilárias, assim como aquela música que toca quando ele está perto de dar a volta por cima numa luta. Destaque também para a cena de raio-x mostrando os efeitos da porrada de Chiba na cabeça de uma vítima. 

RETURN OF THE STREET FIGHTER (Satsujin ken 2) 

Nessa continuação produzida no mesmo ano, já não tendo mais novidades em termos de violência para fazer a alegria dos fãs - a única novidade digna de nota é a cena em que os olhos de um sujeito pulam pra fora do crânio -, eles tiveram que dar uma melhorada na história, que é superior a do primeiro filme, ainda que isso tenha o tornado um pouco irregular em se tratando de ritmo. Na história, Sonny Chiba, depois de executar alguns serviços para a máfia, se volta contra os seus chefes por razões éticas e a máfia vai ao seu encalço. Como a máfia tem ligação com uma academia de artes marciais, o filme vira um desfile de armas japonesas como espadas samurai, adagas sai, nunchakus, entre outras que não sei o nome. Mas a melhor coisa do filme é a reaparição de um inimigo de Chiba do primeiro filme, que todo mundo achava que tinha morrido. Pena que a conclusão não é satisfatória - achei as lutas muito bagunçadas. Depois desse filme, ainda foi produzido THE STREET FIGHTER'S LAST REVENGE, o terceiro filme da série. Tudo no mesmo ano. Isso que eu chamo de produção rápida e barata. (Não, barata não!...)

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