domingo, novembro 21, 2004

CAPITÃO SKY E O MUNDO DO AMANHÃ (Sky Captain and the World of Tomorrow)



Tenho dois filmes excepcionais pra comentar aqui, mas como não estou inspirado hoje, prefiro falar a respeito de um filme que me causou grande decepção. CAPITÃO SKY E O MUNDO DO AMANHÃ (2004), filme do estreante Kerry Conran que estreou na última sexta-feira, é chato pra caramba.

O diretor tinha conseguido convencer o produtor Jon Avnet a financiar o seu projeto quando mostrou a ele um curta-metragem de seis minutos utilizando a mesma técnica de CAPITÃO SKY: a utilização de cenários inteiramente virtuais, gerados no seu laptop particular, misturados com atores de carne e osso. O filme foi um sucesso de bilheteria nos EUA, mas não consigo imaginar como isso foi possível. Acredito que o sucesso do filme não tenha sido pelo "boca a boca", já que tenho visto poucas pessoas falando com entusiasmo desse filme, mas por causa do marketing agressivo mesmo. Talvez outro segredo do sucesso tenha sido a presença de Jude Law, que está protagonizando vários filmes de sucesso atualmente nos EUA, sendo que CAPITÃO SKY é o primeiro a chegar ao Brasil. Jude Law tem realmente carisma, ainda que isso não seja suficiente pra segurar qualquer filme.

A história do filme é tão artificial quanto os seus efeitos, ao querer se utilizar do clima típico dos filmes de aventura das décadas de 30 e 40. Os tempos são outros. E a recriação do passado na maioria das vezes resulta em artificialismos. Podemos comparar um pouco com o resultado do sirkiano LONGE DO PARAÍSO, mas o filme de Todd Haynes tinha a vantagem de conseguir injetar doses de melodrama datado no público de hoje e ainda emocionar, talvez porque o gênero não tenha mudado tanto de lá pra cá. Também não acredito que a culpa do fracasso do filme seja o excesso de inocência nos personagens. Basta lembrar do excelente resultado da série Indiana Jones, os três filmes empolgantes de aventura à moda antiga dirigidos pelo Spielberg.

O grande problema é mesmo a trama do filme e o seu andamento, que são tão empolgantes quanto ler uma lista telefônica. Não lembro quantas vezes bocejei e fiquei tentado a dormir no cinema. Mas como isso não é uma coisa que eu me permito fazer, preferi lutar contra o sono e encarar a jornada até o fim, bravamente.

E pensar que teve gente que chamou isso aí de o futuro do cinema. Se todos os filmes no futuro forem assim, vou preferir ver filmes antigos até o fim de minha vida. Estoque não vai faltar. Agora, por exemplo, acabei de ver a obra-prima M, de Fritz Lang, mas isso é assunto pra outro dia.

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