segunda-feira, outubro 04, 2004

A HAMMER EM TRÊS FILMES



Terminei de ver os três DVDs de filmes da Hammer que tinha comigo em casa há algum tempo. Os três disquinhos foram lançados em banca pela Dark Side já faz um par de anos. Pena que a empresa desistiu de lançar esses títulos nas bancas. Eles têm um monte de títulos legais em seu catálogo, mas têm uma distribuição péssima. Eu simplesmente não consigo achar em nenhuma locadora aqui da cidade os filmes não lançados em banca. Esses três filmes não são uma mostra do que de melhor a companhia inglesa produziu, mas dá pra sentir um pouco do que foi o auge e a decadência da Hammer. O único dos três filmes que deixa a desejar em se tratando de qualidade de imagem é justamente o melhor dos três filmes: CARMILLA: A VAMPIRA DE KARSTEIN.

EPIDEMIA DE ZUMBIS (The Plague of the Zombies)

Antes do revolucionário A NOITE DOS MORTOS-VIVOS (1968), de George Romero, os filmes de zumbis eram mais ligados aos rituais haitianos, estilo vodu, em que as vítimas eram colocadas em estado "zumbiesco" para agirem como escravos de alguém que colocou o tal feitiço. Wes Craven chegou a fazer um arrepiante filme sobre o tema - A MALDIÇÃO DOS MORTOS-VIVOS (1988). EPIDEMIA DE ZUMBIS (1966) é um autêntico filme da Hammer: visual gótico, figurinos de época, direção de arte caprichada, roteiro e direção sem muitas pretenções. Na trama, um professor é chamado para investigar uma estranha praga que está abatendo uma cidadezinha. Bem legal.

CARMILLA - A VAMPIRA DE KARSTEIN (The Vampire Lovers)

Esse filme é considerado a melhor adaptação de uma obra de Sheridan Le Fanu já realizada. Le Fanu, antes mesmo de Bram Stoker inventar o seu Conde Drácula no final do século XIX, já fazia sucesso com livros sobre vampiras sexies chupando o sangue dos mortais. O diretor de CARMILLA - A VAMPIRA DE KARSTEIN (1970) é o ótimo Roy Ward Baker, que no mesmo ano dirigiu O CONDE DRÁCULA, o meu preferido entre os Dráculas da Hammer, além do ótimo SEPULTURA PARA A ETERNIDADE (1967). (Isso, só pra ficar entre os filmes que eu vi.) Acho que ele merece ser tão celebrado quanto Terence Fisher. Quem já viu LUXÚRIA DE VAMPIROS (1971) primeiro, como foi o meu caso, pode até achar repetitiva a história, mas a direção de Roy Baker faz toda a diferença. O prólogo do filme, com um homem cortando a cabeça de uma vampira num castelo, seguido imediatamente dos créditos iniciais banhados em vermelho-sangue-technicolor, já valem o filme. Pena que a Carmilla desse filme (Ingrid Pitt) não é tão gostosa quanto a do filme seguinte, a loiríssima Yutte Stensgaard. E isso faz até uma grande diferença em se tratando de um filme da Hammer dos anos 70, período em que a companhia estava apelando para cenas de nudez e lesbianismo para atrair a atenção dos marmanjos. O filme tem a participação de Peter Cushing.

OS RITOS SATÂNICOS DE DRÁCULA (The Satanic Rites of Dracula / Count Dracula and His Vampire Bride)

Esse é o título que enterrou de vez o ciclo de filmes de Drácula da Hammer. A falta de criatividade de algumas fitas e a repetição da velha disputa Dracula vs Van Helsing começou a desgastar o personagem. Assim como o anterior DRÁCULA NO MUNDO DA MINI SAIA (1972), OS RITOS SATÂNICOS DE DRÁCULA (1974) se passa no mundo contemporâneo. É um filme bem esquisito: lembra um pouco os filmes de espionagem de James Bond (até a música é parecida), Christopher Lee aparece pouco, os membros do culto demoníaco que ressuscitam Drácula agem com armas de fogo durante o dia, dando a entender que a intenção era mesmo fazer um misto de thriller de espionagem com filme de vampiro. O começo do filme é até intrigante, mas o roteiro é tão cheio de furos e a direção é tão frouxa, que depois de quarenta minutos eu já tinha perdido o interesse. Assim, deu pra entender porque a Hammer não quis mais fazer filmes de Drácula.