terça-feira, agosto 10, 2004

FAHRENHEIT 11 DE SETEMBRO (Fahrenheit 9/11)



Sei não, mas acho pouco provável que a Palma de Ouro que FAHRENHEIT 11 DE SETEMBRO ganhou em Cannes tenha sido por causa de suas qualidades cinematográficas, como quis dar a entender o júri presidido por Quentin Tarantino. Na verdade, o filme ganhou a Palma por causa de sua grande importância dentro do contexto político atual. É cinema com a finalidade de mudar o mundo. Ou pelo menos ajudar a mudar. Pensando assim, chega a ser excitante imaginar que estamos vendo um filme que pode ajudar na conscientização mundial para tirar do poder George W. Bush.

Nesse ano, FAHRENHEIT 11 DE SETEMBRO foi um dos filmes em que eu mais ouvi risadas do público, como se todo mundo estivesse se divertindo com a "malhação do Judas". Se eu não ri tanto quanto a maior parte da platéia, pelo menos dei minhas risadas na cena em que Michael Moore chega para alguns congressistas e pede para que eles assinem um formulário para mandar seus filhos para a Guerra do Iraque.

O maior problema do filme é que Moore às vezes apela para o sensacionalismo. Pra ele foi um prato cheio aquela mulher que perdeu o filho na Guerra. Ela foi bem cooperativa: leu a carta do filho que explicitava o seu repúdio ao George "Diabo" Bush e ainda foi pra frente da Casa Branca chorar e gritar na frente da câmera.

Em compensação, é de ficar realmente indignado quando o filme mostra coisas como a roubalheira nas eleições de 2000. (Com gente da família, tanto no Governo da Flórida quanto na FOX News, ficou bem mais fácil para Bush ganhar as eleições.) Sem falar nas centenas de árabes, alguns da família de Bin Laden, saíndo do país, nos dias logo após o atentado ao WTC, sem terem sido investigados pelo FBI. Mas o que mais deixou meu sangue fervendo de raiva foi quando mostraram o povo civil iraquiano morrendo ou perdendo membros do corpo, com o bombardeio americano em Bagdad.

Apesar dos excessos, FAHRENHEIT 9/11 - o título em português nem dá pra fazer trocadilho com o filme do Truffaut - é um acontecimento que vai além do próprio mundo do cinema. É filme para mexer com as estruturas do poder no mundo. Filme para destituir um presidente ladrão e mentiroso. Talvez daqui a dez anos esse filme já tenha perdido a validade, mas vai ficar pra história como o filme-denúncia mais poderoso da história do cinema.

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