segunda-feira, março 08, 2004

O SANGUE DE DRÁCULA (Taste the Blood of Dracula)



Esse é o filme de Drácula mais católico que eu vi. Todo mundo sabe que esses filmes tradicionais de vampiro sempre se utilizam de crenças cristãs para se defender dos vampiros. Basta mostrar a cruz pro vampiro ficar todo troncho (excessão feita aos vampiros de Anne Rice, que parece que não ligam muito pra crucifixo). Mas O SANGUE DE DRÁCULA (1970), de Peter Sasdy, parece até que foi escrito por um padre. Drácula é vencido vendo várias figuras de cruz numa igreja e ao som duma oração do Pai Nosso. Não que eu ache isso um problema. De certa forma, isso torna a figura do vampiro ainda mais malévola. É como se ele fosse o próprio diabo sendo exorcizado. É claro que o filme não tem a força e a carga amaldiçoada de O EXORCISTA (1973), por exemplo, mas já prenuncia um pouco o que o filme de William Friedkin viria a mostrar.

Antes de tudo é um filme da Hammer. E nos anos 70, a produtora já começava a apelar um pouco para a sensualidade das mulheres e para a sangreira. Logo após as filmagens desse filme, Roy Ward Baker fez o ótimo e sangrento O CONDE DRÁCULA (1970), até agora o meu preferido do ciclo de Dráculas de Christopher Lee na Hammer.

Falando no diabo (me refiro ao Drácula), nesse filme ele aparece bem pouco, ainda que o filme gire em torno dele. Quando ele surge, age pouco e fala pouco. Ele prefere hipnotizar os jovens para que eles cometam atos de violência com seus pais. Mais uma vez nesse filme, o vampiro se aproxima da figura do demônio, manipulando mentalmente as pessoas.

O filme é continuação de DRÁCULA: O PERFIL DO DEMÔNIO (1968) e começa exatamente onde este termina. (Digo isso por ter lido a respeito, mas não cheguei a ver esse filme de 68.) Há um bom enredo envolvendo três famílias na Inglaterra vitoriana, com pais que se envolvem por acidente num ritual de magia negra e cujos filhos têm relacionamentos em comum (há um namoro proibido que lembra Romeu e Julieta). O resultado ficou muito bom.

Já que o SBT tem contrato com a Warner, bem que a emissora podia exibir mais desses filmes. A qualidade da imagem estava muito boa e a dublagem era nova. Vamos torcer pra que venha mais Hammer por aí.

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