domingo, novembro 23, 2003

O TEMPO DE CADA UM (Personal Velocity: Three Portraits)



Esse final de semana está sendo produtivo em matéria de filmes. Os filmes estão todos bons (ou ótimos) até agora. Ontem fui ver O TEMPO DE CADA UM, o novo filme de Rebecca Miller, de ANGELA: NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO (1995). Apesar de ser um filme contendo três histórias, há surpreendentemente uma regularidade no conjunto. Só o fato de ser um filme escrito, dirigido e interpretado por mulheres, já merece uma certa atenção, já que são poucos os filmes sobre o universo feminino e que sejam escritos e dirigidos também por mulheres. Os filmes que mais acertaram (se é que acertaram mesmo) em mostrar o universo feminino nas telas foram dirigidos por homens. Temos o caso dos filmes de Almodóvar, dos dois trabalhos de Rodrigo Garcia e do recente DEIXE-ME VIVER.

O filme de Rebecca Miller é dividido em três histórias. Há a história da mulher que apanha do marido e foge de casa (Kyra Sedwick); da mulher que é casada com um marido exemplar e tem sucesso profissional, mas que não sabe lidar com a ambição e com a fidelidade (Parker Posey); e a história da mulher que se descobre grávida e fica sem rumo, sem saber pra onde ir (Fairuza Balk).

As personagens apresentadas no filme são bem convincentes e reais. Kyra Sedwick era uma mulher que gostava de se sentir poderosa; gostava, por exemplo, de masturbar rapazes para se sentir com o poder. Até que se deu mal, se casando com um cara violento. A seqüência em que ele a pega pelo cabelo e a câmera dá uma parada, lembra demais OS BONS COMPANHEIROS (1990), do Scorsese. Destaque para a linda garota que interpreta a mesma personagem quando jovem.

Mas a parte do filme que eu mais gostei foi ver de novo Parker Posey, bonita, sexy e de pernas maravilhosas. A personagem dela é encantadora, apesar de não ser bem o modelo ideal de pessoa com quem você vai querer se casar. Não pelo jeito, mas pelas atitudes.

A história de Fairuza Balk é a mais maluca, onde coisas menos rotineiras acontecem para fazer despertar o instinto materno da moça. Com certeza, ela vai aprender muito com a experiência que teve com um garoto a quem deu carona.

Um detalhe interessante do filme - realizado em câmera digital - é o fato de ter um narrador homem, contando a história como se estivesse lendo um livro pra gente. Esse é o lado “literário” do filme, o que pode deixar algumas pessoas meio cismadas, achando que o filme não é grande cinema. O que eu sei é que eu gostei.

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