terça-feira, novembro 18, 2003

HERO (Ying Xiong)

  

Sim, meus amigos. Finalmente eu assisti HERO, a obra-prima de Zhang Yimou. E olha que o cara é o realizador de TEMPOS DE VIVER (1994) e O CAMINHO PRA CASA (1999), obras-primas do drama. Quanto à comparação quase inevitável: sim, o filme é melhor que O TIGRE E O DRAGÃO. Consegui assistir essa preciosidade graças ao meu amigo Herbert que passou lá em casa na última semana com uns divx's pra gente fazer um escambo digital.

É mesmo um crime um filme como esse ainda estar inédito no Brasil. E parece que nos EUA também continua inédito no circuito comercial. Esse povo não sabe o que tá perdendo. Quando passar no cinema, eu vou ver de novo com certeza esse espetáculo.

Na história que o filme conta, baseada em fatos históricos (e em lendas surgidas a respeito dos assassinos do rei de Qin), Jet Li é Sem Nome, um assassino contratado para matar três assassinos super-hábeis, que se apresenta ao Rei de Qin para comprovar, a partir das armas dos assassinos, a prova de que esses inimigos do rei estavam mortos. O rei, então, pede pra que ele narre como conseguiu matar os assassinos. A partir daí o filme entra numa sucessão de flashbacks, em imagens maravilhosamente fotografadas e com uma direção de arte sensacional. O filme tem uma semelhança com RASHOMON (1950), do Kurosawa, ou com o recente VIOLAÇÃO DE CONDUTA, do McTiernan. Isso porque nem tudo que se conta é a versão verdadeira dos fatos.

As cenas de luta são coreografadas de modo que parecem uma dança e não uma luta. Dessa forma, não é bem um filme de ação. Trata-se mais de um filme de arte que se apóia na cultura chinesa e nas artes marciais para ajudar e embelezar a narrativa. Aliás, apesar de a narrativa ser complexamente rica e bonita e cheia de códigos de ética estranhos temporal e geograficamente ao que conhecemos, é mesmo o visual do filme que enche os olhos.

A cena de luta entre Maggie Cheung (de AMOR À FLOR DA PELE) e Zhang Ziyi (de O TIGRE E O DRAGÃO) é tão bonita em suas tonalidades de laranja e vermelho que eu não consigo encontrar paralelos em nenhum outro filme que vi. É algo que não dá pra descrever com palavras. Também se destaca a cena nos interiores da casa entre Tony Leung (FELIZES JUNTOS) e Maggie. E a cena não envolve lutas, é mais intimista, bem ao estilo Zhang Yimou. Muito bonita. Já as lutas, as melhores são as que o Jet Li está participando. A primeira luta com Donnie Yuen (de BATER OU CORRER EM LONDRES) é ótima. A seqüência fantástica de Li e Cheung "espantando" as flechas é de cair o queixo.A sensacional saraivada de flechas pode ser comparada em menor escala a RAN (1985), do Kurosawa, ou a HENRIQUE V (1989), de Kenneth Branagh. Mas aqui, com ajuda da computação gráfica, o efeito ficou perfeito e muito mais bonito.

Dá pra escrever montes de parágrafos sobre as qualidades do filme, mas acho que já escrevi o bastante. Bom mesmo é que as pessoas consigam um jeito de ver o filme. Ou ajudem na torcida pra que lancem esse filme aqui no Brasil, de preferência na telona. Aquele sonzinho mixuruca das caixas de som do meu computador e a telinha de 14 polegadas não fazem jus a ele.

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