segunda-feira, setembro 08, 2003

AS FÉRIAS DO SR. HULOT (Les Vacances de M. Hulot)



Tenho vários assuntos pra falar aqui. Então vou tentar contá-los na ordem em que aconteceram. Começarei com o filme de Jacques Tati que assisti no sábado de manhã no Shopping Benfica. Pra começar, fiquei bastante supreso quando vi a sala de cinema lotada pra ver um filme de um diretor pouco popular, em plena Fortaleza ensolarada e quente, onde normalmente as pessoas vão à praia no sábado de manhã. Ver uma sala lotada pra ver filme francês dos anos 50, e em preto e branco, é realmente de se ficar feliz. E dá pra ficar ainda mais feliz sabendo que as pessoas estavam realmente curtindo o filme. Muita gente rindo e até gargalhando das presepadas do Sr. Hulot. (Tudo bem que muita gente era da aluno da Aliança Francesa ou da Cultura Francesa, mas vamos dar um desconto. ) Eu só fui começar a rir a valer depois de meia-hora de filme. É só questão de se adaptar ao humor de Jacques Tati.

Acho que tinha visto um filme de Tati em vídeo. Não lembro se foi ESCOLA DE CARTEIROS (1947) ou AS AVENTURAS DE M. HULOT NO TRÁFEGO LOUCO (1971). Mas o ruim de ver filme dele na telinha é que a gente perde os detalhes. Ou vê tudo muito pequeno. O filme tem que ser visto na telona pra ver os detalhes ao fundo e todo o trabalho minucioso que o homem fazia. E ele era um mestre dos detalhes e um perfeccionista do nível de um Kubrick. Um de seus últimos filmes, PLAYTIME (1967), levou nove anos para ser finalizado, por exemplo.

AS FÉRIAS DO SR. HULOT (1953) é uma delícia de comédia que resgata o melhor da comédia muda de Chaplin, Buster Keaton e Harold Lloyd. O filme não é propriamente mudo, mas é como se fosse. Tati trabalha com pouquíssimos diálogos, com situações cômicas tendendo mais para o humor físico e um ótimo uso do som e da sonoplastia. A música insistente do filme dá um ar bem relax durante todo o filme. Mas o melhor mesmo são as piadas visuais. Tem a cena do "tubarão", do jogo de tênis (essa eu gargalhei mesmo.hehehhehe), a do sorveteiro, da pintura da canoa, do jogo de cartas. Excelente.

Se tudo der certo, no próximo sábado verei MEU TIO (1958), considerado por muitos a obra-prima de Tati.

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