segunda-feira, março 31, 2003

SPIDER E OS FILMES DO FIM DE SEMANA

As coisas andam meio brabas aqui no trabalho. Já sabia antes de chegar aqui que hoje seria um dia de cão. O último dia útil de cada mês geralmente é assim. Mas estou dando um tempinho nos serviços pra escrever sobre o final de semana. No cinema, apenas um filme: SPIDER, do Cronenberg, visto num sábado chuvoso e melancólico; em vídeo, alguns filmes bem legais. No domingo ensolarado fui conhecer a Blockbuster, recém inaugurada aqui. Aluguei dois DVDs. Um deles (SEM DESTINO), estava com defeito e vou ver se consigo trocar hoje. Outra coisa ruim do fim de semana foi que a porcaria do PC que eu comprei já está com defeito. Uma merda. Seguem os comentários dos filmes:

SPIDER - DESAFIE SUA MENTE (Spider)

O novo Cronenberg é de dar sono. Me esforcei muito pra conseguir ficar acordado até o fim do filme. Sei que isso não é lá critério pra se dizer se um filme é bom ou ruim, mas pelas experiências que eu tive anteriormente com o cinema de David Cronenberg, acredito que isso até pode ser um critério. EXISTENZ e CRASH dão um prazer enorme em se assistir, A MOSCA e GÊMEOS: MÓRBIDA SEMELHANÇA, idem. Até THE NAKED LUNCH, que foi um filme que me deu uma sensação bastante incômoda, eu respeito mais do que esse SPIDER, insosso que só ele. Li recentemente o livro "Spider", de Patrick McGrath, e é um livro muito interessante. A parte do meio do livro, que é quando acontece o assassinato da mãe de Dennis, é empolgante e faz com que a gente grude na história como poucos livros fazem. Sem falar na narração em primeira pessoa, que é um delícia. No filme, isso foi bem desperdiçado. Cronenberg preferiu não pôr uma narração em off, pra que o filme fosse mais "cinema" e menos literatura, mas a maneira como ele compensou isso não foi feliz. Ele colocou Ralph Fiennes de corpo presente em todas as cenas de recordações que ele teve. E ainda fez a besteira de colocar ele balbuciando certas palavras pra que o público "voador" não confunda, achando que ele está visível para os outros personagens. O maior destaque do filme é Miranda Richardson, fazendo papel duplo - de mãe do menino Dennis e de amante de seu (Gabriel Byrne). De Cronenberg, fiquei curioso pra ver CAMERA, um curta-metragem bastante elogiado por muita gente boa. Difícil é conseguir conseguir vê-lo. Alguém tem esse filme?

A NOIVA DO RE-ANIMATOR (The Bride of the Re-Animator)

Já vi esse filme faz mais de uma semana e esqueci de comentar. É bastante conhecido e costuma passar várias vezes na Band. É um filme de terror cheio de humor negro de Brian Yuzna, feito com o mesmo elenco de RE-ANIMATOR, de Stuart Gordon. É tão cheio de sangue quanto o primeiro. O filme é uma versão moderna de A NOIVA DE FRANKESTEIN. O problema é que sempre achei a história de Mary Shelley, ou pelo menos, as adaptações para o cinema bem inverossímeis. Por que diabos, o cientista maluco tem que pegar partes de corpos totalmente diferentes ? Deve ser porque ele é maluco mesmo. Heheheh. Nesse filme a coisa não é diferente. Mas o tom de humor compensa um pouco.

FEITIÇO DO RIO (Blame it on Rio)

Por falar em tranqueiras, imperdível esse filme com sabor de chanchadas brasileiras, com direito a meninas andando de top less nas praias. Bacana. Outro atrativo do filme é ver Demi Moore, lindinha nos anos 80. Esse filme (de 1984) ainda não traz ela no auge - ela pegou um papel fraco no filme - mas vale ver. No filme, Michael Caine e um amigo viajam para o Rio de Janeiro para passar as férias com suas respectivas filhas. As meninas, ao chegarem na praia, tratam logo de tirar as partes de cima dos bikinis, para desespero dos pais. A coisa fica engraçada mesmo quando uma das meninas se envolve com o pai da outra. A garota que faz a amiga de Demi Moore (Valerie Harper) dá um show de sensualidade. E, a título de curiosidade, o filme traz alguns atores brasileiros fazendo pontas e José Lewgoy como coadjuvante. Gravado da TNT, que - milagre! - não cobriu com bolinhas os seios das moças.

SUBLIME DEVOÇÃO (Call Northside 777)

Ótimo filme de Henry Hathaway, um dos grandes cineastas americanos de estilo narrativo clássico, como John Ford. Aqui no Brasil parece que ele é um pouco subestimado, mas dos filmes que vi dele (TORRENTES DE PAIXÃO, com Marilyn Monroe e FÚRIA NO ALASKA, com John Wayne), gostei bastante e não pretendo perder os próximos que passarem na tv. Esse filme, de 1948, trazendo James Stewart como um jornalista que investiga e reabre um caso de um assassinato de mais de dez anos, é emocionante e prende a atenção do começo ao fim. Eis um filme prazeiroso que equilibra bem o lado dramático e o suspense. É filme pra se ganhar o dia. Uma obra-prima? Gravado da Band.

AS COISAS SIMPLES DA VIDA (Yi-Yi)

Sensível filme de Edward Yang, co-produção Taiwan-Japão, que foi sucesso de crítica em todo o mundo. O filme esteve nas listas de melhores do ano de vários críticos brasileiros. É mesmo um filme muito bonito. Mostra a sociedade de Taiwan, já bem desenvolvida economicamente e que lida com outros problemas, como o vazio e a insatisfação de seus habitantes. São várias histórias realistas interligadas num filme de quase 3 horas de duração. Tem a história do pai de família que reencontra a paixão da adolescência, o garotinho que experimenta fotografias estranhas, a menina que se apaixona pelo namorado da amiga, a velhinha em coma. Um grande destaque do filme é a música, quase sempre no piano, trazendo composições de Bach e Beethoven. A fotografia enche os olhos. Interessante como o cinema oriental tem uma fotografia tão bonita atualmente. Uma beleza plástica impressionante. A cena mais emocionante é a parte final, com o garotinho recitando o que escreveu durante o funeral da avó. O DVD da Europa está em fullscreen, mas a imagem está cristalina e o som de ótima qualidade.

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